domingo, 13 de fevereiro de 2011

Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre

Assim acontece com a gente.
As grandes transformações
acontecem quando passamos pelo 
fogo.
Quem não passa pelo fogo, fica do 
mesmo jeito a vida inteira. 
São pessoas de uma mesmice e 
uma dureza assombrosas.
Só que elas não percebem e acham 
que seu jeito de ser é o melhor jeito 
de ser. 
Mas, de repente, vem o fogo.
O fogo é quando a vida nos 
lança numa situação que nunca
imaginamos: a dor.
Pode ser fogo de fora: perder um 
amor, perder um filho, o pai, a mãe, 
perder o emprego ou ficar pobre.
Pode ser fogo de dentro: pânico,
medo, ansiedade, depressão ou 
sofrimento, cujas causas ignoramos.
Há sempre o recurso do remédio:
apagar o fogo! 
Sem fogo o sofrimento diminui. 
Com isso, a possibilidade da grande
transformação também.
Imagino que a pobre pipoca, 

fechada dentro da panela, lá dentro 
cada vez mais quente, pensa que 

sua hora chegou: vai morrer.

Dentro de sua casca dura, fechada 
em si mesma, ela não pode imaginar 

um destino diferente para si.
Não pode imaginar a transformação
que está sendo preparada para ela.

A Pipoca não imagina aquilo de que 
ela é capaz. 
Aí, sem aviso prévio, pelo Poder do 
fogo a grande transformação 

acontece: BUM!
E ela aparece como uma outra coisa

completamente diferente, algo que 

ela mesma nunca havia sonhado.

Bom, mas ainda temos o piruá, 

que é o milho de Pipoca que se
recusa a estourar.
São como aquelas pessoas que,
por mais que o fogo esquente,

se recusam a mudar. 
Elas acham que não pode 
existir coisa mais maravilhosa 
do que o jeito delas serem. 
A presunção e o medo são a dura 
casca do milho que não estoura. 

No entanto, o destino delas é triste,
já que ficarão duras a vida inteira.

Não vão se transformar na flor branca, 
macia e nutritiva. 
Não vão dar alegria para ninguém.



   Rubens Alves


/ leram isso para nós no senai, na sexta feira passada, achei interessante e postei. É profundo, mas totalmente verdadeiro. 







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